a vida rotina

adoro essa vida rotina

que levo com você

sentar no sofá

um filme de etê

me enterro na vida tranquila

viola e carpê

seus dias domingos

seus dias blasé

-sufoco na vida medida

que teimo com você

nas brigas amigas

só pra entreter-

o fantasma de dumont

sem tempo pra nada

lamento ou risada

poema ou piada

começa e acaba

amanhece e apaga

meu tempo desaba

aqui jazz curitiba

é bom estar de volta
ouvir o trânsito Foggy Day;
um é Bird Parker,
buzina-sax de Del Rey;
é bom estar de volta
o porquê eu já não sei.

satori noturno

só aqui -

pupilas refletem as veias abertas da terra
dilatadas devolvem luzes em frenesi -
só aqui -

irônicas poltronas à 2000 metros do chão
alguém tosse e um bebê chora e alguém ri -
só aqui -

artificilha de civilização
onde máscaras poderão cair -
só aqui -

183 percebem sentadas
tudo que viram até agora


- é nada

insomnia

dia e noite
noite e dia
na tristeza
ou alegria
me persegue
essa poesia

a engrenagem

preso na teia

me debato.

cada vez mais

a vida é lidar com o fato

hipocondria crônica

quartos úmidos e abafados

minha fobia é pré-natal

escapo do útero

- também mofado -

e caio nesse apartamento
à base de tetralysal